Publicação ataca o juiz Sérgio Moro e entre ministros do governo, o documento foi apontado como "um tiro no pé"
Publicado em 11/11/2015, às 18h51
Da Folhapress
A elaboração do documento nasceu a pedido de Lula, no fim de junho deste ano
Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/ AFP
Integrantes do governo da
presidente Dilma Rousseff criticaram, nesta quarta-feira (11), a
divulgação de uma cartilha em que o PT ataca o juiz Sérgio Moro e o
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, além de
condenar, nominalmente, procuradores e delegados envolvidos na Operação
Lava Jato.
Entre ministros do governo, o documento
foi apontado como "um tiro no pé", uma vez que o desdobramento das
investigações depende desses agentes. Petistas ligados ao governo chegam
a lembrar que uma ação de busca e apreensão na casa de Luis Cláudio,
filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrera depois de o
Instituto Lula entrar com uma representação contra um procurador da
República.
A elaboração do documento nasceu a pedido de Lula,
no fim de junho deste ano. Seguindo orientação do ex-presidente, o PT
criou um grupo de trabalho encarregado de produzir um documento que
servisse de munição aos militantes.
Carlos Henrique Árabe e Monica Valente
foram designados para coordenar sua redação. Antes da divulgação, o
texto, de 34 páginas, foi submetido ao Instituto Lula.
A publicação do documento -repleto de
ataques à imprensa- ocorreu um dia depois de o titular de Secretaria de
Comunicação de Governo, Edinho Silva, se reunir em São Paulo com o
comando das Organizações Globo.
Segundo Árabe, o conteúdo do texto foi
aprovado pela Executiva Nacional do PT. O documento passará por uma
revisão apenas para aprimorar seu acesso via internet. A cartilha está
sendo enviada pela presidência do PT a vereadores e deputados estaduais.
Para integrantes do governo, foi um erro
confeccionar o documento no momento em que o Judiciário decidirá sobre
aplicação de multa ao PT para ressarcimento aos cofres públicos dos
recursos que teriam sido desviados na Operação Lava Jato.
O nome de Moro é, por exemplo, citado 19
vezes. "Todos os ex-dirigentes da Petrobras investigados na 'Operação
Lava Jato' eram altos funcionários da estatal no governo FHC. Mas, como
diz o juiz Sergio Moro, 'isso não vem ao caso'", acusa o texto que será
publicado do site do partido.
Gilmar Mendes é mencionado quatro vezes:
"As manobras e declarações antipetistas de Mendes, incompatíveis com a
imparcialidade e o recato exigidos de um juiz, não são capazes de mudar a
realidade: quem escancarou a influência do poder econômico na vida
política brasileira foi o governo do PSDB, o mesmo que corrompeu o
Congresso para introduzir a reeleição", diz.
O texto acusa ainda a procuradoria de
engavetar casos referentes à máfia dos trens em São Paulo. "Se não
tivesse sido investigado fora do Brasil, esse caso também seria jogado
para debaixo do tapete. Com auxílio do procurador Rodrigo de Grandis, o
processo estava engavetado".
A cartilha aborda a relação de Moro com a ministra Rosa Weber. "Moro foi assistente de Rosa Weber na AP 470 ('Mensalão')", diz.
O texto diz ainda que "o juiz Sergio
Moro e sua 'equipe' de delegados da PF e procuradores do MPF [Ministério
Público Federal] do Paraná fazem de tudo (até mesmo anistiar criminosos
confessos) para atingir o PT".
Igor Romário de Paula é acusado de usar
as redes sociais durante a campanha eleitoral de 2014 em favor do
senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB.
A cartilha condena o procurador do
Ministério Público Federal Deltan Dallagnol. Diz que Dallagnol fez uma
"pregação" em uma igreja evangélica contra o governo.
A cartilha reserva um capítulo só para os ataques à mídia, incluindo textos de blogueiros contra empresas de comunicação.
Árabe explica que, ao citar os delegados e procuradores, o PT deseja que se afastem do caso.
Ao falar do que chama de "vícios da Lava
Jato", o PT cita a "condenação sem provas do companheiro João Vaccari
Neto". O petista já foi condenado a 15 anos de prisão e é réu em outros
dois processos na Lava Jato, acusado de ter intermediado propina para o
partido resultante de contratos na Petrobras.
"No fim da linha está o objetivo de
cassar o registro do partido, como ocorreu em 1947 com o antigo PCB",
diz o texto da cartilha petista.
------------------ Fonte Jornal do Comercio - 12/11/2015 --------------------







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