Reunião na cadeia vai definir futuro do PT
Candidato
a vice na chapa do partido, Fernando Haddad se encontra com Lula amanhã, na PF,
em Curitiba. Ex-presidente dará a palavra final sobre a estratégia a ser
adotada pela legenda
Por: Correio Braziliense
Publicado em: 02/09/2018 11:36 Atualizado em:
Foto Mauro Pimentel/AFP
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As estratégias recursais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
continuar disputando como candidato nas eleições de outubro serão decididas na
cadeia. O vice na chapa petista à Presidência da República, Fernando Haddad,
irá, acompanhado de advogados, à Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba amanhã traçar os rumos na corrida eleitoral. A palavra final ficará a
cargo de Lula, que precisará tomar importantes decisões. Afinal, cada tática
adotada pode se desdobrar em diferentes cenários. A dúvida é quais caminhos
serão os mais eficientes para atingir o grande objetivo: ganhar tempo para
construir uma narrativa que transfira o maior número possível de votos para
Haddad.
O plano de guerra do PT está concentrado na esfera jurídica e no horário
eleitoral. A orientação é recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ajustar
as propagandas do partido, afirma o deputado Carlos Zarattini (SP), vice-líder
da legenda na Câmara. “A questão é nos adequarmos à forma estabelecida pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)”, explica. O entendimento da defesa é de que a
decisão da corte não impede a aparição de Lula como apoiador de Haddad, e sim a
exibição na condição de cabeça de chapa. “Ele ainda pode falar do nosso
programa, de tudo o que foi feito antes e o que propomos. Há muitas
possibilidades”, pondera o parlamentar.
A definição de quando substituir Lula por Haddad na chapa é uma das
importantes decisões que o ex-presidente precisará tomar. O TSE estabeleceu um
prazo de 10 dias contados a partir de ontem para fazer a troca. Aliados de
Haddad defendem a alteração nos primeiros dias, mas a decisão pode ficar para
11 de setembro, admite Zarattini. “Ainda temos recursos a apresentar. Vamos ver
como que tudo vai se desenvolver ao longo desse tempo. Pode ser que 10 dias
sejam um prazo longo e tenhamos sucesso em nossa apelação”, destaca.
Enquanto Lula não bate o martelo, o PT adota uma tática de afrontamento.
Ignorando a decisão do TSE, Haddad declarou em campanha em Pernambuco que Lula
segue no pleito. A hipótese de petistas deixarem a substituição para o último
dia divide opiniões de analistas. Para o especialista em política eleitoral
David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB), é um “absoluto
suicídio”. “Ele é pouco conhecido nacionalmente. Se deixarem para decidir no
último dia, ele teria pouco mais de três semanas de campanha. É arriscado achar
que, rolando os 10 dias, extrairão um pouco de ‘mais-valia’ do Lula e que isso
ajudará Haddad e o PT a elegerem, nos estados, deputados, senadores e governadores”,
pondera.
O sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem avaliação diferente. “O PT adotou uma
estratégia eminentemente de risco desde o início, mas que deu certo até agora.
Ele aparece em primeiro lugar nas pesquisas e, quando sai do cenário, Haddad
aparece com 4%. É muita coisa para um candidato pouco conhecido nacionalmente”,
analisa. Para o especialista, a estratégia petista em retardar a substituição
na chapa pode contribuir em um salto do atual vice-candidato nas pesquisas.
Liminar
No início ou no fim, os 10 dias serão cumpridos à risca pelo PT, sob
risco de ser eliminado das eleições, confia o especialista em direito eleitoral
João da Fontoura, sócio do Bornholdt Advogados e professor da Universidade de
Joinville (Univille). “O descumprimento de uma decisão judicial tiraria toda a
coligação do pleito. E aí, todo o tempo de televisão seria redistribuído”,
afirma. Em caso de vitória recursal no STF, o TSE seria obrigado a recolocar
Lula como o cabeça da chapa.
O PT, no entanto, vai
lutar contra o tempo por esse sucesso. O prazo para o TSE programar as urnas
com os nomes dos candidatos se encerra em 17 de setembro e para, Fontoura, é
remota a possibilidade de o partido conseguir alguma vitória. Ainda que por
meio de liminar do STF, que é a melhor estratégia a ser adotada, avalia o
especialista em direito constitucional e eleitoral Marcellus Ferreira Pinto, do
Nelson Wilians & Advogados Associados.
-------------Fonte Diário de Pernambuco -----------------------------------------








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